A mente Humana e a
Alma
Cada
ser humano quando nasce transporta em si determinadas potencialidades herdadas
dos seus pais, que lhe poderão permitir determinadas possibilidades de
desenvolvimento, quer físico, quer mental. Estas potencialidades, resultantes
da evolução da raça humana, foram sendo transmitidas geneticamente de pais para
filhos à medida que a evolução foi ocorrendo.
A
Alma quando reencarna, entra num corpo que transporta em si essas
potencialidades, mas a respectiva mente encontra-se vazia, como se fosse um
disco rígido que acabou de ser formatado, e irá começar a ser preenchido e a
desenvolver-se a partir do momento em que tenha algum contacto com o meio
exterior.
Assim, a mente nasce em cada reencarnação com o nascimento do corpo físico, e
dá por finda a sua aprendizagem quando o corpo físico morre.
Contudo
esta aprendizagem não desaparece, irá servir para que o que nós Somos
verdadeiramente, O que habita o nosso corpo, a nossa Alma, vá aumentando o seu
conhecimento no domínio da materialidade até que se conheça integralmente neste
domínio, como o Todo de que tudo faz parte.
Mas,
o conhecimento no domínio da materialidade, nesta dimensão espaço/temporal, é
extremamente complexo para os actuais seres humanos; por um lado porque
estes se encontram limitados em cada reencarnação pelo escasso período temporal
de cada vida humana e pela sua limitada capacidade física e mental; e, por
outro, pelo nível de conhecimento da sociedade na época em que a encarnação tem
lugar, o qual tem uma intervenção primordial na formação do respectivo ego e na
criação dos seus processos mentais. Assim, em face destes condicionantes nós
precisamos de muitas reencarnações para nos conhecermos integralmente em todos
os aspectos deste domínio material, até aprendermos a ser plenamente felizes.
Nós,
como organismos animais que somos temos tendência a ser regidos pelo impulso
animal que pugna para que a nossa individualidade material sobreviva. Assim, temos
tendência a reagir por impulso a tudo o que ponha em causa a nossa
individualidade. O incremento do nosso ego, suportado por uma mente cada vez mais
sofisticada, só fez com que tivéssemos mais eficácia nas nossas reacções. Mesmo
as acções pensadas, não deixam geralmente de ser reacções de defesa motivadas
pelo nosso instinto animal, agora planeadas e talvez mais agressivas ou mais
constantes, porque têm um ego a suportá-las. Como sabemos, no mundo animal cada
reacção provoca sempre, uma outra reacção do mesmo tipo, por parte do oponente.
Assim,
à medida que nos fomos desenvolvendo como entidades físicas em cada vida
material, fomos criando mecanismos de protecção, que ao provocar reacções da
nossa parte, isolam-nos cada vez mais dos outros seres que nos rodeiam. Vamos
desenvolvendo uma mente que analisa tudo em função da individualidade material
de cada um, descontextualizada do meio em que vivemos. Assim, criamos vícios de
análise e de raciocínio, aos quais nos apegamos de tal forma que a nossa
evolução como seres vivos, logo, integrados num Todo, se torna tremendamente
condicionada. Este
é o caminho da individualização que nos impede de nos conhecermos como seres
integrados num Todo.
Esta forma de desenvolvimento dos seres humanos
tem vindo a perpetuar-se ao longo das gerações e perpetua-se em cada uma das
nossas vidas, enquanto não acordarmos. Enquanto não tomarmos consciência de quem Somos.
Enquanto não percebermos que somos a nossa essência, a nossa Alma. Enquanto não
percebermos que o apego à materialidade, e ao passado que suporta este apego e
o respectivo ego, só geram reacções que nos afastam dos outros e nos tornam
infelizes.
Contudo,
por vivermos no domínio da materialidade, torna-se difícil, como referimos,
acordarmos e percebermos quem Somos e passarmos a agir como o que Somos.
Desta
forma, para que nos possamos conhecer em todos os aspectos da
materialidade, libertos dos condicionamentos que vamos adquirindo ao longo de
cada vida terrena, quando nascemos trazemos a mente vazia, o que nos propicia
novas oportunidades para que no decurso de uma vida terrena possamos acordar.
No decurso de uma vida terrena poderemos
enveredar pelo auto-conhecimento, pode-mo-nos libertar dos condicionantes que a
sociedade e o nosso impulso animal nos impõem, e, perceberemos então, que o
caminho que temos seguido até ao momento só nos torna infelizes, pelo que temos
de encontrar outro caminho. Perceberemos que a mente dominada pelo ego
gera um raciocínio obsessivo e viciado que nos impede de nos conhecermos
verdadeiramente e de sermos felizes. Talvez esta situação possa ocorrer devida
à Alma estar em condições de ser mais interventiva no domínio da materialidade,
em face do seu maior desenvolvimento neste domínio.
Poderemos
então entender que esse outro caminho não pode ser trilhado pela nossa actual
mente dominada pelo Ego. A mente dominada pelo ego é incapaz de entender que
cada um de nós só conseguirá ser feliz quando viver completamente integrado no
Todo de que todos fazemos parte. Só quando vivermos em equilíbrio, em harmonia,
em perfeita ligação entre todos, conseguiremos ser felizes e a humanidade pode
passar para um nível de consciência mais elevado. Quando a humanidade elevar o
seu nível de consciência, tornar-se-á mais fácil cada ser humano crescer como
ser feliz, pelas razões que atrás expressei.
Mas
para isso temos de parar o ritmo
incessante da mente, de forma a que ela não nos domine. Só então, estaremos
aptos a descobrir outras vias que nos permitam conhecer-mo-nos como a totalidade
do que Somos. A nossa Alma terá então condições de aflorar e intervir mais
na nossa vida.
A
nossa Alma é parte do Todo, e sabe que o é, sabe que só no Todo se pode realizar. Então
poderemos conhecer-mo-nos no campo da materialidade como o Todo que Somos, como
o Absoluto, que é composto pelo Yin e pelo Yang, pelo mais e pelo menos…,
porque eles são partes opostas e complementares, e sem ambos a materialidade
não existe, logo sem eles nós não poderíamos existir como seres materiais. Só
então ao viver e sentir a perfeição da materialidade nos podemos tornar Seres
iluminados e viver felizes, quaisquer que sejas as circunstâncias exteriores a
nós.
Contudo,
se o apego ao ego for muito grande, a
transformação pode tornar-se quase impossível, e só com novos renascimentos,
com novas reencarnações em que consigamos recomeçar, libertando-nos dos apegos,
podemos vir a conseguir transformar-mo-nos em seres que se conhecem integralmente
como o Todo que Somos e assim, uni-mo-nos a Ele e sermos Felizes.