O crescimento do ego
humano
O ego nasceu
inicialmente com a finalidade de preservar, de forma mais eficaz, a nossa
individualidade física. Contudo, este foi crescendo de tal forma, que, nos
nossos dias, a sua principal tarefa, passou a ser garantir a nossa
superioridade em relação a tudo e a todos. Para garantir a nossa superioridade,
como já referimos, tem vindo a crescer desmesuradamente.
Passámos a considerar que, somos tanto “mais superiores” aos outros,
quanto mais temos. Para garantir esta superioridade baseada
no ter, criámos a sociedade de consumo, que alimenta a supremacia do material
relativamente ao Ser.
Constatámos, também,
que outra forma de implementar o nosso
ego é obter poder, pois, considerámos que, com poder, podemos ter domínio
sobre os outros, e não só incrementamos directamente a nossa superioridade em
relação a eles, como podemos obter mais bens materiais, que na nossa perspectiva
também aumentam o nosso ego.
Os nossos amigos e os
nossos familiares, também passaram a integrar o nosso ego, pelo menos enquanto
servirem para o alimentar. Por exemplo, se tivermos amigos importantes
entendemos que a nossa identidade também
será mais importante. Também podem cumprir
a finalidade de alimentar o nosso Ego, enquanto apoiarem as “nossas verdades”,
ou nos apoiarem do ponto de vista material. Sabemos que se as “nossas verdades”
forem partilhadas por mais pessoas, nem que seja em parte, têm mais força. Contudo,
quando “as verdades” deles deixarem de coincidir com as nossas, porque os
interesses de uns e de outros mudaram, ou porque os seus interesses materiais
chocam com os nossos, ou porque a luta pelo poder chega, podemos descartá-los,
retirar os amigos da nossa lista, ou até desprezar ou renegar os membros da
nossa família.
Criamos apego àquilo que satisfaz o nosso ego, à “nossa verdade”, que, do nosso ponto de vista, é a única certa, aos nossos bens, ou até às pessoas enquanto satisfazem e acariciam o nosso
ego.
Criamos uma sociedade de competição – os nossos apegos contra os apegos
dos outros - a nossa verdade contra a dos outros, o nosso estatuto, dado pelos
bens ou pelo poder contra o estatuto dos outros, o qual pretendemos seja
inferior ao nosso - o nosso grupo contra os outros. Este é o caminho do ego, o caminho da separação dos outros.