Tuesday, 21 March 2017

A COERÊNCIA ENTRE A EVOLUÇÃO MATERIAL SUSTENTADA E A EVOLUÇÃO ESPIRITUAL

Como vimos a materialidade só existe em função da dialética yin e yang e estes não podem existir separados, são opostos, mas também são complementares. Sem conhecer um não se pode conhecer o outro, sem conhecer o frio não se pode conhecer o calor. Tudo é perfeito, mas cada um de nós pode fazer as suas escolhas, pode estabelecer as suas preferências. Assim, se o homem optar por se manter em equilíbrio com tudo o que o rodeia, sem intuitos egóicos que criem desequilíbrios, ele próprio e o mundo em que vive podem-se desenvolver em harmonia. Mas se pelo contrário, o homem se deixar dominar pela sua mente egóica e criar desequilíbrios instantaneamente ou progressivamente, que criem ruturas, o atual estado organizacional pode ser posto em causa, bem como a própria sobrevivência da raça humana. Os desequilíbrios progressivos, se não se extremarem, fazem parte do equilíbrio dinâmico e podem levar-nos paulatinamente ou de forma balanceada, ora para um crescimento sustentável da raça humana, ora para uma deterioração da mesma e até do planeta em que habita. Mas se o desequilíbrio continuar a aumentar indefinidamente pode levar à destruição do atual estado organizacional do planeta. Assim, em termos meramente materiais, se o homem privilegiar o Todo, isto é, a harmonia com os outros homens e os outros seres e o planeta, todos teremos futuro. Se o homem privilegiar a sua individualidade, como tem acontecido através da criação e manutenção de uma diferença abismal das condições de vida entre os homens, explorando, em consequência desta sua mente egóica, o planeta de forma desmesurada, gera desequilíbrios tais que podem levar à destruição de alguns destes interlocutores ou até de todos.



Todos sabemos que o incremento da individualidade, com o consequente crescimento desmesurado do ego humano, conduz à luta pelo poder, pela riqueza, pela verdade de cada um, o que leva aos mais variados desvarios e atrocidades e ao aumento de desequilibro material entre os homens. Todos estes factores geram medos, ódios, invejas, o extremar de posições, a guerra e a destruição. Estas emoções negativas que se geram como consequência de cada homem recear não conseguir ser superior aos demais para poder singrar nesta sociedade de competição, conduzem-no a viver uma vida sem sentido, em que se afasta cada vez mais dos outros seres, gerando infelicidade e doença em si e nos outros.

Mas quando o homem não necessita de se mostrar superior a ninguém e de forma natural surge a ligação aos outros, gera-se amor entre as pessoas e solidariedade. Quando mais importante do que garantir a nossa superioridade é garantir que os nossos irmãos humanos e os outros seres estejam bem, nós tornamo-nos felizes. Existe equilíbrio entre todos, existe harmonia, gera-se amor, felicidade e a raça humana e o planeta terra garantem um futuro próspero.

Se conseguirmos ser lúcidos, constataremos que o caminho para a construção da felicidade é o mesmo, quer utilizemos uma perspectiva material não condicionada pelo ego, como a acima apresentada, quer usemos a perspectiva espiritual.
A evolução espiritual passa pela nossa transformação, através do reconhecimento de que fazemos parte de um Todo, de Deus. Passa pelo reconhecimento de que a nossa consciência é parte da Consciência Suprema, de Deus. Reconheceremos que somos seres espirituais imortais, que por isso não necessitam de ego, pois estamos unidos ao eterno Todo, unidos a Deus. Simplesmente encarnámos no planeta terra para aprendermos a viver felizes no campo da materialidade. Aqui, poderemos aprender a conhecermo-nos como Seres espirituais a viver no campo da materialidade. Poderemos aprender que a vivência feliz no campo da materialidade passa por conhecermo-nos como o Todo que todos Somos, e assim entender que só seguindo o caminho da união entre os seres, o caminho do equilíbrio, nos tornamos felizes e garantimos o “sucesso” da raça humana e um futuro “feliz” para a terra e os seus habitantes. Entenderemos que se somos eternos não necessitamos de ter medos, logo não geraremos as emoções negativas que nos afastam dos outros seres e, em consequência, de forma natural, nasce o amor incondicional que liga todos os Seres.


Perceberemos então que existe coerência entre uma evolução material sustentada que permite uma vivência feliz dos homens e a sua evolução espiritual. 

Tuesday, 21 February 2017

  O ABSOLUTO E O MUNDO DA MATERIALIDADE



 


 O “mundo”[1] onde tudo se realiza em simultaneo, o mais e o menos, a maior e a menor vibração, fora do espaço tempo, é o Absoluto, o Real, que contem todos “os mundos”. É o “mundo” em que tudo É antes de Ser. É o “mundo” da Consciência Universal, que tudo pode realizar e tudo realiza, mesmo no campo da materialidade. Antes de Ser, somos a possibilidade de ser o mais e o menos, e por força da Consciência Universal, de que a consciência de cada um faz parte, recreamo-nos no mundo ilusório da forma na dimensão espaço/temporal. O Absoluto é o que tudo cria. É o “mundo” do Criador, da Fonte, de Deus. É o “mundo” onde tudo é constantemente criado, no eterno agora. É o que gera o movimento ininterrupto e em consequência a energia inesgotável, que pode ser observada como forma, como material. Para nós, que observamos tudo na dimensão espaço temporal, diríamos que o presente é instantaneamente recriado a cada momento, e por isso nós próprios não somos o que eramos no instante anterior. De acordo com as nossas ferramentas de análise podemos entender que as reações bioquímicas que ao nível mais ínfimo se desenvolvem quase instantaneamente, são elas que fazem que existamos, através da nossa renovação quase que instantânea. Assim, nós somos um processo. Somos o processo da criação da nossa consciência e da Consciência Universal, de que fazemos parte. Se, de acordo com as regras da existência, toda a individualidade só pode existir em função do Todo (que é formado por partes), a consciência de cada um integra a Consciência Universal que todos somos. Quando me refiro a todos é tudo, pois tudo o que existe, só existe porque é um fluxo[2] integrado no Todo, gerado por uma consciência. De facto é a consciência que gera a existência.

O que a mente de cada um de nós ainda não entendeu, é que o nosso corpo físico, é uma individualidade que só existe em função de um Todo, e que quando perde totalmente o equilíbrio com o Todo morre[3]. A perspetiva da nossa mente dominada por um ego de incrementar incessantemente a individualidade é, na prática, o caminho para a destruição da individualidade.




Quando falamos em equilíbrio reportamo-nos sempre a um equilíbrio dinâmico, pois só este permite o atual padrão da existência. É sempre um movimento entre o yin e o yang, nunca é o equilíbrio perfeito, porque este corresponderá à estaticidade à ausência de Yin e Yang e em consequência ao desaparecimento do padrão organizacional existente. Á luz da visão oriental, o máximo de yin origina o Yang  e o máximo de yang origina o Yin. É esta variação cíclica entre yin e yang que garantem o movimento e a existência. Assim, no campo da materialidade não existem o yin nem o yang Absolutos. Estes corresponderiam à ausência de movimento, pelo redução extrema da frequência até à imobilidade ou pelo aumento extremo da frequência, até que deixasse de se sentir Em qualquer caso corresponderia  à imobilidade, logo à inexistência física.

Estas regras podem observar-se em tudo, tanto ao nível do imensamente pequeno como do incrivelmente grande. A nível do imensamente grande a formação dos buracos negros ilustram bem estas regras. Estes são fenómenos singulares, em que o desequilíbrio extremo permite a formação de buracos negros e a concomitante formação das supernovas. Neste caso, o desequilíbrio extremo leva à destruição de determinado padrão organizacional, de onde podem nascer novas criações, até com regras diferentes das anteriores, constituindo-se como que renascimentos em moldes diferentes. Nos buracos negros o seu interior obedece a regras espaço temporais diferentes das do nosso universo, com a consequente alteração das leis gravitacionais, sendo vistos por alguns cientistas como portais para outros universos. 

O movimento é produzido pelo Absoluto, pela Consciência Suprema que tudo gera. Mas o Absoluto inclui o movimento e a sua ausência, pois pelas regras da dialética dos opostos,  do Yin e do Yang, nada pode existir sem o seu oposto que também lhe é complementar. Sem a inexistência de movimento, não existiria movimento; sem a inexistência de materialidade não poderia existir a materialidade.  Assim a Consciência Suprema é a ausência de movimento, o nada, que só pode ser percebido pela sua criação, pelo movimento que gera, pela existência.



                        [1] Quando utilizamos a expressão mundo queremos significar o espaço onde tudo o que conhecemos se realiza, mas é um espaço finito, limitado. Aqui utilizo a expressão “mundo” (entre aspas), pretendo identificar o não identificável, o grande contentor que tudo contem, que é infinito e vazio, que não é contido nas dimensões conhecidas de espaço e tempo.  
                        [2] Qualquer que seja a sua dimensão ou complexidade.
                        [3] A morte é uma transformação para um estado organizacional diferente. Logo significa que morre aquela forma, podendo, em consequência, originarem-se outras formas diferentes.