O “mundo”[1] onde tudo se realiza em simultaneo, o mais e o menos, a maior e a menor vibração, fora do espaço tempo, é o Absoluto, o Real, que contem todos “os mundos”. É o “mundo” em que tudo É antes de Ser. É o “mundo” da Consciência Universal, que tudo pode realizar e tudo realiza, mesmo no campo da materialidade. Antes de Ser, somos a possibilidade de ser o mais e o menos, e por força da Consciência Universal, de que a consciência de cada um faz parte, recreamo-nos no mundo ilusório da forma na dimensão espaço/temporal. O Absoluto é o que tudo cria. É o “mundo” do Criador, da Fonte, de Deus. É o “mundo” onde tudo é constantemente criado, no eterno agora. É o que gera o movimento ininterrupto e em consequência a energia inesgotável, que pode ser observada como forma, como material. Para nós, que observamos tudo na dimensão espaço temporal, diríamos que o presente é instantaneamente recriado a cada momento, e por isso nós próprios não somos o que eramos no instante anterior. De acordo com as nossas ferramentas de análise podemos entender que as reações bioquímicas que ao nível mais ínfimo se desenvolvem quase instantaneamente, são elas que fazem que existamos, através da nossa renovação quase que instantânea. Assim, nós somos um processo. Somos o processo da criação da nossa consciência e da Consciência Universal, de que fazemos parte. Se, de acordo com as regras da existência, toda a individualidade só pode existir em função do Todo (que é formado por partes), a consciência de cada um integra a Consciência Universal que todos somos. Quando me refiro a todos é tudo, pois tudo o que existe, só existe porque é um fluxo[2] integrado no Todo, gerado por uma consciência. De facto é a consciência que gera a existência.
O que a mente de cada um de nós ainda não entendeu, é que o nosso corpo
físico, é uma individualidade que só existe em função de um Todo, e que quando
perde totalmente o equilíbrio com o Todo morre[3]. A
perspetiva da nossa mente dominada por um ego de incrementar incessantemente a
individualidade é, na prática, o caminho para a destruição da individualidade.
Quando falamos em equilíbrio reportamo-nos sempre a um equilíbrio dinâmico, pois só este permite o atual padrão da existência. É sempre um movimento entre o yin e o yang, nunca é o equilíbrio perfeito, porque este corresponderá à estaticidade à ausência de Yin e Yang e em consequência ao desaparecimento do padrão organizacional existente. Á luz da visão oriental, o máximo de yin origina o Yang e o máximo de yang origina o Yin. É esta variação cíclica entre yin e yang que garantem o movimento e a existência. Assim, no campo da materialidade não existem o yin nem o yang Absolutos. Estes corresponderiam à ausência de movimento, pelo redução extrema da frequência até à imobilidade ou pelo aumento extremo da frequência, até que deixasse de se sentir Em qualquer caso corresponderia à imobilidade, logo à inexistência física.
Estas regras podem observar-se em
tudo, tanto ao nível do imensamente pequeno como do incrivelmente grande. A
nível do imensamente grande a formação dos buracos negros ilustram bem estas
regras. Estes são fenómenos singulares, em que o desequilíbrio extremo permite
a formação de buracos negros e a concomitante formação das supernovas. Neste
caso, o desequilíbrio extremo leva à destruição de determinado padrão
organizacional, de onde podem nascer novas criações, até com regras diferentes
das anteriores, constituindo-se como que renascimentos em moldes diferentes.
Nos buracos negros o seu interior obedece a regras espaço temporais diferentes
das do nosso universo, com a consequente alteração das leis gravitacionais,
sendo vistos por alguns cientistas como portais para outros universos.
O movimento é produzido pelo
Absoluto, pela Consciência Suprema que tudo gera. Mas o Absoluto inclui o
movimento e a sua ausência, pois pelas regras da dialética dos opostos, do Yin e do Yang, nada pode existir sem o seu
oposto que também lhe é complementar. Sem a inexistência de movimento, não
existiria movimento; sem a inexistência de materialidade não poderia existir a
materialidade. Assim a Consciência
Suprema é a ausência de movimento, o nada, que só pode ser percebido pela sua
criação, pelo movimento que gera, pela existência.
[1] Quando
utilizamos a expressão mundo queremos significar o espaço onde tudo o que
conhecemos se realiza, mas é um espaço finito, limitado. Aqui utilizo a
expressão “mundo” (entre aspas), pretendo identificar o não identificável, o
grande contentor que tudo contem, que é infinito e vazio, que não é contido nas
dimensões conhecidas de espaço e tempo.
[2] Qualquer que
seja a sua dimensão ou complexidade.
[3] A morte é uma
transformação para um estado organizacional diferente. Logo significa que morre
aquela forma, podendo, em consequência, originarem-se outras formas diferentes.
No comments:
Post a Comment