Saturday, 18 June 2016

O MUNDO DA MATERIALIDADE




            O mundo da materialidade é o mundo ilusório da dialéctica dos opostos. É o mundo do yin e do yang que tudo possibilita, em que a relatividade de tudo em relação a tudo cria a aparente realidade, em toda a sua diversidade. Não há nada que não seja relativo a algo e a tudo. Para que algo exista, basta que não haja equilíbrio perfeito estático, tem de haver um fluxo, isto é um equilíbrio dinâmico em que tudo é yin ou yang entre si e em relação a tudo, de forma a proporcionar um fluxo. Tudo é movimento, isto é tudo é energia. Mas o movimento implica espaço e tempo. O nosso mundo ilusório que existe em função das dimensões espaço e tempo é regido pela Consciência Suprema de que a nossa consciência é parte. É o mundo da impermanência em que cada mente humana cria o seu mundo e a Consciência Suprema cria a aparente realidade. Esta temática é desenvolvida com mais detalhe nos meus livros.

O homem já aprendeu a criar uma realidade aparente, a partir das regras básicas da materialidade, da dialéctica do yin e do Yang. Assim, a partir do bit (que pode apresentar os valores 0 ou 1, ou verdadeiro ou falso, algo e o seu oposto entre os quais possa haver fluxo) criou o computador e outras tecnologias avançadas, que possibilitam toda a diversidade de cores, de formas e de movimento, que nós já titulamos como realidade virtual. Esta, apesar do aparente realismo,  já é entendida e aceite por nós como ilusória.

          A variação entre o Yin e o Yang que é a essência da matéria, não é mais que um fluxo constante de energia entre tudo, daí a relatividade de tudo em relação a tudo. Tal ocorre por exemplo no interior dos objectos, em que existe sempre movimento bem perceptível em alguns dos seus níveis organizacionais; ou entre o interior e o exterior, bem visível nos seres vivos. Aliás este último tipo de movimento é uma das principais características dos seus vivos, quando acaba a permanente interacção entre o interior e o exterior, o ser vivo morre. Tudo é um fluxo energético em sucessivos ciclos, desde a composição mais ínfima da matéria até à universal. Segundo a visão oriental tudo é constituído por energia. Esta é a característica básica da materialidade. O equilíbrio estático, corresponderá à falta de movimento, de energia, à inexistência. Assim, para os Orientais tudo é energia, seja ela o que denominamos por matéria – que para melhor entendimento poderemos classificar como energia “condensada” - palpável, detectável pelos nossos órgãos dos sentidos; seja ela fluída - como a que circula no nosso organismo mas que não se vê, a que os chineses chamam o Qi. A própria ciência ocidental já reconhece, nomeadamente através da “teoria das supercordas” ou da física quântica, a possibilidade da energia ser a base de tudo.

No mundo da dialéctica dos opostos, nada existe sem o seu oposto (o Yin e o Yang); o extremo frio e o extremo calor, o infinitamente pequeno e o infinitamente grande. Não há interior, sem exterior, não há alto sem baixo, não há pesado sem leve…. Sem a existência de opostos, que só existem em função um do outro e por isso também são complementares, não há fluxo, logo não pode haver existência material. Geram-se fluxos em todas as escalas e níveis organizacionais e com múltiplas graduações e é isso que permite a existência de uma variabilidade e diversidade infinitas. Dentro dos limites de capacidade de adaptação do ser humano, podemos ter uma enorme diversidade de vivências, quer do ponto de vista físico, quer do ponto de vista psicológico. Elas dependem essencialmente das nossas opções. Podemos optar por ser mais gordos ou mais magros, pelo calor ou pelo frio, pelo medo ou pelo amor … E uma vez que tudo é relativo a tudo, as nossas opções condicionam a nossa vivência a todos os níveis, mas também a do “mundo” que nos rodeia. O nosso “mundo”, o “mundo” da dimensão espaço temporal é assim um “mundo” da imaginação de Deus, nomeadamente através da nossa imaginação, porque todos e tudo é Um.  Ele experiencia-se através de nós, mas dando-nos a liberdade de tomarmos as nossas decisões. Podemos considerar que estamos na escola da vida a aprender. Mas, porque ainda não nos conhecemos plenamente nem conhecemos o mundo da materialidade, a maioria das vezes nem nós entendemos conscientemente as decisões que tomamos nem como elas influenciam o nosso futuro. Ainda não compreendemos  o belo mundo da ilusão onde nos encontramos.
           

No comments:

Post a Comment