A
Libertação do ego
Pela mudança de paradigma do “ter” e
do “fazer” para o “Ser”
Muitas vezes o nosso ego diz-nos que para singrarmos na vida, tudo o
que fazemos tem de ser perfeito. Por
vezes vivemos angustiados, enquanto estamos a realizar uma tarefa, devido à ânsia da perfeição. Contudo, o mais importante não é o que fazemos, mas sim o
que “Somos”, enquanto “fazemos”. Estamos na terra para aprender a “Ser” em todas as circunstâncias, mesmo enquanto
estamos a “fazer”.
O importante é nós sermos seres felizes e isso
tem mais a ver com o que Somos do que com o que fazemos. Nunca esqueçamos que
não podemos viver o passado ou o futuro, só podemos viver o presente, logo é no
“agora” que temos de ser felizes. Quando só nos preocupamos com o que fazemos
com o intuito de tirar proveitos futuros, como estamos condicionados pelo nosso
ego que nos diz que temos de ser os melhores para garantir um futuro melhor, se
a tarefa não corre como esperado, revoltamo-nos connosco próprios e
descarregamos nos outros a nossa frustração, pois ficamos dominados por emoções
negativas. Estas emoções negativas tornam-nos infelizes e provocam-nos
problemas físicos, mau humor e má relação com os outros. Nesta situação o nosso
ego vai-nos dizendo: - tu, és o maior! Tudo o que fazes tem de ser bem feito,
mas tens de ter compensação por isso! Se não te compensarem não te fiques, tu
mereces! “refila” com eles, revolta-te, faz valer os teus interesses!!!. Nesta
situação estamos a projetar-nos negativamente no futuro e não apreciamos o
presente, porque a preocupação no futuro impede-nos de sermos nós próprios no
presente.
É ótimo quando gostamos do que fazemos e somos felizes, mas isso só ocorre quando interiormente estamos em paz connosco próprios, enquanto fazemos, porque estamos a ser nós próprios. Então a nossa felicidade irradia para os outros. Quando conseguimos libertarmo-nos do ego e estar interiormente em paz durante o trabalho, até uma actividade monótona se pode tornar agradável. O trabalho não necessita de ter a conotação negativa que muitas vezes lhe atribuímos, pelo contrário pode corresponder a um tempo muito agradável, se aprendermos a estar nele “com o coração”, libertos do nosso ego. O que nos faz atribuir uma conotação negativa ao trabalho, são as memórias do passado relativas a situações semelhantes que têm emoções negativas associadas. Geralmente não é a situação presente que nos leva a atribuir essa conotação. Outras vezes o que faz com que atribuamos essa conotação negativa é a voz do nosso ego que nos diz que aquele trabalho é inferior ao que merecemos, não serve para o nosso estatuto. Para que tal não aconteça e consigamos estar em paz, temos de efetuar as tarefas que se nos deparam inteiramente presentes, libertos das memórias do passado e dos condicionamentos do nosso ego, estando simplesmente ali, por inteiro.
A paz interior e a felicidade estão ligadas às emoções positivas que resultam da aproximação ao nosso Eu interior e aos outros e não às emoções negativas que resultam do nosso ego, da nossa maior individualização. Estas separam-nos dos outros. Não esqueçamos que o nosso Eu interior está ligado aos outros e a tudo. A paz e a felicidade estão assim ligadas ao amor, e consequentemente à alegria que, por via desse amor, propiciamos aos outros e desta forma a nós próprios. A construção da felicidade pode começar por pequenas coisas. Pode começar pela alegria que uma brincadeira nossa gera nos outros. Em consequência também nós ficamos satisfeitos pela alegria que lhes proporcionámos. A repetição destes pequenos gestos faz com que vamos criando afeto àqueles que nós tornámos um pouco mais felizes, e vamo-nos sentindo cada vez melhor, mais ligados aos outros. Como o mais importante enquanto fazemos algo, é o que estamos a Ser, enquanto estamos a fazer, nós sentimo-nos ligados ao nosso companheiro, porque é o nosso Eu interior que lidera o processo. Então, mesmo numa situação difícil temos compreensão por ele. Se, por exemplo, ele não entende determinada tarefa, e nós brincando a explicamos, ele torna-se mais bem disposto, e como deixa de estar pressionado, de estar em “stress”,vai entendê-la melhor. O sorriso dele, a relação que se estabelece com ele, é que é importante e é ela que nos vai ajudar a ambos a sermos mais felizes. As nossas obras nascem e crescem mais perfeitas, quando deixamos de estar preocupados em ser perfeitos, quando nos libertamos do “stress”e ficamos inteiramente conscientes do momento.
Se queremos
ser felizes devemos tentar fazer o melhor, mas sempre de forma descontraída e
não movidos por interesses meramente egoístas. Não pondo a tónica em tirarmos
dividendos próprios, mas para nos sentirmos bem connosco próprios. Se
procedermos desta forma até o “stress” se irá reduzindo gradualmente. Não
criemos expectativas quanto ao resultado do que fizermos, deixemos simplesmente
acontecer e aceitemo-lo, mesmo que não seja o esperado. Assim não criamos
emoções negativas. O importante é aceitarmos o que acontece seja o que for.
Confiemos que, se enquanto fizermos algo estivermos conscientes, o “universo”
dar-nos-á o melhor para nós. Contudo, contrariamente ao que pensa a nossa mente
racional dominada pelo nosso ego, o melhor pode não ser ter melhores condições
físicas, mais riqueza ou mais dinheiro; pois não é o “ter” que nos faz felizes;
muitas vezes é perdendo a necessidade de nos mostrarmos importantes e tornando-nos
mais humildes, que nos ligamos mais aos outros e nos tornamos seres mais
felizes.
Enquanto
fazemos algo, não criemos expectativas, limitemo-nos a ser o que Somos. Seres
que são Um com os outros. Abandonemos o ego pois ele só nos produz em nós infelicidade.
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